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Ciro Gomes: auxílio emergencial é "voo de galinha" na economia brasileira

Datena

Em conversa comigo na Rádio Bandeirantes, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes criticou algumas medidas tomadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia do coronavírus, entre elas o auxílio emergencial – que chamou de "voo de galinha", jargão utilizado quando uma economia inicia um processo de recuperação, mas, por razões estruturais, não consegue ir longe.

"Quando Bolsonaro tomou posse, o lulopetismo tinha deixado o Brasil com mais da metade do povo ganhando R$ 413 por cabeça por mês. Um número trágico. Ainda que por pressão do Congresso, levaram a renda para R$ 600 [valor da parcela do auxílio]. Então, se a pessoa ganhava R$ 413 e passa a ganhar R$ 600, consegue comer um pouco melhor. É natural que a população tenha esse espírito generoso de gratidão (...) O povo está no limite da pobreza, da miséria. Mas não tem como projetar isso por muito tempo. O que bota uma nação para frente é o trabalho decentemente remunerado. Precisamos debater uma solução."

"Tudo isso revela claramente os limites do que chamamos de politica social compensatória. Isso está destruindo o Brasil. O que sustenta o desenvolvimento é uma boa associação entre os interesses classe trabalhadora – basicamente uma remuneração decente, não Bolsa disso ou Bolsa daquilo – com os interesses do mundo da economia real. Senão a gente não vai a lugar nenhum. É 'voo de galinha'. A mesma experiência que tivemos com o lulopetismo."

Ciro Gomes falou também sobre as investigações envolvendo um dos filhos do presidente, Flávio Bolsonaro, e o ex-assessor Fabrício Queiroz no caso das "rachadinhas". Ele acredita que houve algum tipo de acordo no governo após a prisão de Queiroz para tentar acalmar os ânimos.

"Esse grande acordo foi proposto por três ministros depois de visitarem o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A crise política estava esquentando. Alexandre virou relator do inquérito das fake news, que estava alcançando a família Bolsonaro, foi decretada a prisão de uma militância agressiva do Bolsonaro, como aquela 'picaretinha' que nem vou dizer nome. E o Bolsonaro estava dobrando a aposta. Lembra do 'acabou, p****' lá no cercadinho? O ápice do calor foi quando o Queiroz foi preso. Foi uma bomba atômica! Ele opera toda a roubalheira. Tem mais de R$ 80 mil sem explicação na conta da mulher do Bolsonaro. A esposa anterior comprou 14 imóveis, seis dos quais com sacos de dinheiro. A fonte são os inquéritos do Ministério Público do Rio de Janeiro, qualquer pessoa pode acessar. Esquentou de um jeito que dali para frente ou era golpe – e nós nos preparamos para isso – ou era um acordo."

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