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Gilmar Mendes: novas mensagens entre Moro e Dallagnol revelam "situação preocupante"

Datena

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes confirmou nesta terça-feira (2) à Rádio Bandeirantes que a Corte deve julgar em breve o habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que trata da suspeição do ex-juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá.

O caso voltou a ganhar força após a divulgação de novas mensagens trocadas entre Moro e o ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol. O diálogo foi obtido pela defesa de Lula depois da quebra de sigilo determinada pelo ministro Ricardo Lewandowski.

"Li, como você deve ter visto, alguma coisa desses diálogos. De fato, eles revelam uma situação bastante preocupante. Uma posição do juiz Sergio Moro como se fosse um chefe da operação Lava Jato. Como se fosse o coordenador do grupo de procuradores. Os procuradores falam que apresentariam a denúncia em determinados termos e ele faz reparos. Uma atitude muito cooperativa nesse processo", disse o ministro.

"Em várias passagens você verá que Moro assume posições de chefe do grupo da força-tarefa. Dallagnol faz consultas sobre como deveria proceder, manda informações e eles combinam ações. Parece muito preocupante. A não ser que aquilo seja uma peça ficcional. Que nada tenha ocorrido", completou.

Gilmar Mendes afirmou, no entanto, que, "embora existam mais informações hoje que ontem ou anteontem", não acredita que o julgamento mudará o desfecho do caso tríplex, mas, sim, influenciará em processos futuros e na implementação de forças-tarefas futuras.

"Não estou interessado mais nessa questão no STF, nesse caso, mas acho que as forças-tarefas que vierem a se estruturar não poderão se estruturar sobre esse modelo de cooperação e relação promíscua entre procuradores e juízes (...). Vamos discutir no âmbito da Turma, mas tenho a impressão de que o caso em si não terá influência sobre o julgamento. É meu posicionamento."

"Há muitas informações que deixam em má luz todo esse modelo. Por exemplo, fala-se em cooperação internacional com Suíça ou EUA de maneira informal, fora dos canais normais, isso significa carrear provas aos autos contra investigados sem observância do devido processo legal internacional. Isso pode ter reflexos em condenações. Mas, como sou bastante otimista, não quero mais discutir esse tema. Esse tema será julgado com os elementos colocados. Há grande aprendizado a todos nós. É preciso que se repense a ideia de forças-tarefas e que não insistamos nesse erro."

"Dizem que o trapezista morre quando pensa que voa. Aqui os trapezistas acharam que voavam. Produziram uma grave catástrofe para a Justiça brasileira, o Ministério Público brasileiro, os segmentos de investigação."

ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

https://youtu.be/KtVxDj4jE6g