Notícias

É impossível não comparar a morte de Beto com a de George Floyd

Datena

Na quinta-feira (19), um homem negro foi derrubado por seguranças de um supermercado Carrefour em Porto Alegre (RS). Ele bateu a cabeça, tentou levantar, mas continuou sendo agredido. João Alberto Silveira de Freitas, de 40 anos, conhecido como Beto, já parecia estar desacordado quando os seguranças o imobilizaram. Um deles colocou o joelho sobre a vítima, o impedindo de respirar. Socorristas chegaram logo depois e tentaram salvá-lo, mas foi tarde demais. 

As imagens desse crime viralizaram e chocaram o país. A esposa, Milena Borges Alves, presenciou tudo, mas foi impedida de ajudar o marido: "Quando eu fui ajudar, eles me empurraram. E mesmo depois de desacordado, quando parecia que ele já estava  morto, continuaram com ele imobilizado".

O crime aconteceu no bairro Passo D'areia, na Zona Norte da capital gaúcha. Os dois seguranças responsáveis foram presos em flagrante por homicídio. O casal morava perto e foi comprar alimentos para preparar a janta. As agressões teriam sido motivadas por um desentendimento entre a vítima e uma funcionária, que trabalha em um dos caixas do supermercado.

Para a família, o racismo motivou as agressões. "Pela fúria que eles avançaram nele, tem uma certa dose de racismo", disse João Freitas, o pai da vítima. "Porque não é possível uma pessoa ter tanta raiva de outra pra se botar de três numa só pessoa e matar. Ele não foi abordado, foram socos e pontapés. Até me informaram que foi um tal de mata-leão que o rapaz deu nele."

O supermercado onde ocorreu o crime está fechado e virou cenário de protestos pela morte brutal de Beto e contra o racismo. A delegacia de homicídios assumiu o caso e aguarda o laudo da perícia para confirmar o caso da morte.

Essas empresas têm que tomar mais cuidado com quem colocam para trabalhar. Precisam ser cautelosos com quem contratam para fazer a proteção desses locais. Proteger o patrimônio de alguém não significa matar gente inocente que só vai comprar um pudim e acaba morto. É uma violência desnecessária, absurda e inaceitável.

Além disso, é impossível não comparar a morte de Beto com a de George Floyd, nos Estados Unidos. O policial americano que o asfixiou em Minneapolis, no dia 25 de maio, saiu da cadeia após ter a fiança de um milhão de dólares paga. Não sei onde arrumaram dinheiro para uma fiança dessa quantia. Certo que algum grupo de extrema-direita ou fascista igual a ele. Mas, se você reparar, a posição do policial no pescoço do Floyd é a mesma que a do segurança do Carrefour no pescoço do Beto. As duas vítimas foram mortas por asfixia – falta o laudo da perícia do Beto, mas provavelmente foi essa causa. 

Foram duas agressões que terminaram em óbito e isso é inaceitável. Os agressores têm que pagar com cadeia. Eu acho que no Brasil a fiança deveria ser que nem nos Estados Unidos, uma quantia que faça com que o agressor fique na cadeia mesmo. Alguém assim não merece responder em liberdade. 

O segurança deve responder por homicídio doloso, com intenção de matar. Quando a morte de George Floyd foi qualificada como homicídio culposo, sem intenção de matar, os Estados Unidos explodiram em manifestações no país inteiro até que isso mudasse. Você acha que um homem que está nessa posição, esmagando a vítima, não tem intenção de matar? Claro que tem. É evidente. E é a mesma posição do segurança do Carrefour. A canalhice é a mesma. A justiça deve ser feita. 

COMENTÁRIO COMPLETO:

https://youtu.be/aHAYo8sKCSM