Notícias

Viva mais

Datena

Meu coração, não sei por que, bate feliz… quando continua batendo. Com o perdão da licença poética de uma das mais lindas letras da música brasileira e a redundância biológica da vida, esta foi por pouco.

Primeiro, uma ardência no peito, depois, numa visita a casa do meu filho Joel, uma dor aguda no peito. Você nunca quer admitir que vai morrer, mas quem já sentiu esta dor sabe e sente mesmo que a fronteira entre a vida é o fim está logo ali. Percebi que a pressão que sentia nos ossos do tórax era algo maior do que eu poderia aguentar. Tentei disfarçar para não assustar o amor da minha vida, a Matilde, com quem sou casado já há quase cinquenta anos, mas ela mesmo percebeu que eu poderia estar indo embora deste plano.

Liguei para o doutor Kalil, um dos maiores cardiologistas do Brasil (eu acho o melhor), que me mandou imediatamente para o Hospital Sírio-Libanês. Com minha mulher e filho, cumpri o trajeto entre Barueri e o hospital tentando ainda manter força e respiração suficientes para chegar com vida ao meu destino: um dos melhores hospitais da América Latina (DEUS queira que um dia os brasileiros tenham saúde pública assim).

Cheguei, e já com outro médico fantástico, meu irmão, David, enfartei!!! O Kalil, sempre no comando, salvou minha vida quando determinou a sala cirúrgica. Lá, me aguardavam doutor Fábio Brito e equipe (foram fantásticos). Não pude tomar anestesia geral. Fiquei acordado! Mas a dor era tanta, que me senti feliz quando Fábio foi me acalmando com uma voz quase celestial dizendo cada passo do cateter desobstruindo caminho no meu coração falido. Foi um sonho acordado, não foi um pesadelo, graças à segurança da equipe e de DEUS, que deram forças para cada movimento do procedimento que salvou minha vida.

Não foi a primeira vez que vi a cara da morte. Vi a cara da morte e ela estava viva, como dizia o Cazuza. Gratíssimo aos médicos e enfermeiros que me ajudaram a ficar por aqui até quando DEUS quiser. Mas você, leitor, faça seus exames, se tiver como, eu não fiz por causa da covid-19 e quase morri do coração. O diabetes que leva milhões de vida do mundo, silenciosamente, tem que ser ouvido pelo menos pelos diabéticos. Coma corretamente e faça exercícios regulares. Aproveite cada minuto da sua vida, afinal, nós nascemos para aprender a morrer e é isto que nos ensina, viver.

Este texto foi originalmente publicado no METRO JORNAL