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ACM Neto diz que portas do DEM "sempre estarão abertas ao PSDB", mas evita falar sobre 2022

Datena

O presidente nacional do DEM, ACM Neto, disse nesta sexta-feira (12) à Rádio Bandeirantes que as portas do partido "sempre estarão abertas ao PSDB". A afirmação veio ao comentar o jantar que teve durante a semana com o governador de São Paulo, o tucano João Doria. O encontro foi considerado uma "contenção de danos" após as semanas de tensão que acompanharam as eleições na Câmara e no Senado.

"O DEM em São Paulo tem um peso importante para o DEM no Brasil. Rodrigo Garcia [vice-governador da gestão Doria filiado ao DEM] é um quadro que apostamos para o futuro. O que eu disse a Doria é que eu não tinha como antecipar o debate de 2022. As portas sempre estarão abertas ao PSDB, fomos parceiros por muitos anos. Na eleição de 2018, quando Geraldo Alckmin não tinha chance, eu estava ao lado dele por coerência. Coloquei a Doria que, quando formos tratar de 2022, vamos sentar com o PSDB. Mas não agora", disse.

ACM Neto ressaltou também que a sigla "tem posição de independência" em relação ao governo de Jair Bolsonaro e não pretende fazer parte de sua base.

"Assim o DEM se sente à vontade. Apoiamos agendas importantes para o país com liberdade para criticar e apontar erros. Agora, de 2022 não vamos tratar agora. O Brasil está vivendo uma pandemia horrorosa com efeitos econômicos dramáticos. Não dá para parar tudo para discutir política."

Um suposto "racha" no DEM começou a ser especulado depois que o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, rompeu com ACM após o partido ser liberado para apoiar quem quisesse na eleição da Casa. O desentendimento fez com que a maioria dos deputados da sigla votasse em Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado pelo Palácio do Planalto que derrotou Baleia Rossi (MDB-SP), o nome de Maia e Doria.

"Meu desejo era que o DEM fizesse parte do bloco do Baleia Rossi, sempre defendi isso, mas a vontade da maioria da bancada foi outra. Ali, no final, como presidente do partido, entrei para evitar o pior. O pior teria sido a maioria formada aderir ao bloco do Arthur Lira. Convoquei então a Executiva e coloquei que seria fundamental nossa posição de neutralidade para garantir a unidade da bancada. Fiz aquilo para preservar Rodrigo Maia. Ele não reconheceu", afirmou ACM.

"Rodrigo é meu amigo há mais de 20 anos, sempre tivemos uma relação próxima. Juntos travando batalhas difíceis, fazendo oposição ao PT por 14 anos, sempre sonhamos juntos com um projeto. Infelizmente, o processo do legislativo fez com que ele tivesse uma reação que não entendi, achei injusta. Veio para o pessoal me responsabilizar", completou, ressaltando que "não guarda rancor".

Bolsonaro e Luciano Huck

Questionado sobre sua posição em relação a Bolsonaro, ACM afirmou que "o governo errou muito mais que acertou" na condução da pandemia do coronavírus.

"Eu faço política conversando com todo mundo, as pessoas não entendem isso às vezes. O Brasil vive esse radicalismo de extremos. Acho que o governo errou muito mais que acertou. Existem virtudes? Claro. O auxílio emergencial, o apoio a estados e municípios, as medidas que preservaram empregos. Mas os erros foram maiores. O negacionismo é inaceitável."

Em relação ao apoio a uma eventual candidatura de Luciano Huck à presidência, o ex-prefeito de Salvador desconversou, elogiando o "espírito público" do apresentador, mas reafirmando que "não é hora" de falar sobre 2022.

Indicação ao Ministério da Cidadania

Outra tentativa de "contenção de danos" de ACM diz respeito à suposta indicação do deputado João Roma (Republicanos-BA) ao Ministério da Cidadania. Embora não seja do DEM, Roma é aliado de ACM, motivo pelo qual ele acredita que a indicação poderia "passar a mensagem errada".

"Roma foi apresentado ao presidente Bolsonaro para ocupar a pasta da Cidadania. Não sou do Republicanos, não posso interferir. O nome dele foi cogitado por suas virtudes. Mas eu, como amigo, fiz um apelo a ele: 'amigo, considere a possibilidade de não ser ministro'. Infelizmente na política não basta ser, tem que parecer. Muita gente especulou que [a indicação] representaria uma aproximação minha com o governo. O DEM não é oposição, mas jamais aceitou avançar no toma lá da cá."