O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, criticou nesta segunda-feira (9) as recentes ofensivas do presidente Jair Bolsonaro contra outros Poderes, principalmente as ameaças feitas às eleições de 2022. O parlamentar ainda ironizou as "teorias" criadas por ele relacionadas a supostas fraudes nas urnas eletrônicas.
"Bolsonaro ganhou a eleição e diz que ela foi roubada. Ele sempre arranja versões para teorias, acho que ele sonha e aquilo vira verdade. Ele amanhece e diariamente tem uma informação para passar que não é verdadeira. A gente fica preocupado, isso pode ser consequência dos efeitos da covid-19. As sequelas são graves. Há sequelas mentais, coronárias, nos rins. Estou preocupado. Torcemos para o Brasil dar certo e torcemos para o presidente dar certo. Agora, uma coisa é torcer, outra coisa é concordar com os filmes que ele assiste à noite e usa para criar complôs de manhã", disse Aziz.
O presidente Jair Bolsonaro contraiu a doença em julho de 2020. Na época, relatou sofrer sintomas leves e disse ter feito uso de hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada para o tratamento da covid-19.
"Faço um desafio ao presidente: o senhor tem que provar que há fraude. Peça ao TSE para enviar os maiores especialistas para tentar fraudar uma urna. Vamos ver (...). Não dá para entender que o governo foque nisso em vez de focar no desemprego, na distribuição de renda, nos problemas da saúde, da segurança pública, que era bandeira dele. A estratégia de Bolsonaro é a mesma de 2017, quando começou a campanha. Bolsonaro assumiu e continuou candidato. Nunca assumiu o governo para governar, assumiu para ser candidato de novo. Por isso levanta questões superficialmente e só pensa em complô", completou.
Na semana passada, a comissão especial da Câmara dos Deputados sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, que torna obrigatório o voto impresso, recomendou que o Plenário rejeite o texto. Mesmo assim, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), decidiu levar o tema para votação, o que pode acontecer já nesta terça (10).
"Espero que amanhã o presidente Lira coloque o texto em votação e ele seja sepultado. Espero que Lira e Rodrigo Pacheco [presidente do Senado] se posicionem dizendo o seguinte: tanto a Câmara como o Senado não aceitam mais debater esse assunto", pressionou Aziz.
Aziz rebate Renan sobre a CPI
No domingo (8), o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, disse que deve antecipar a entrega do relatório sobre os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito porque já existem "provas indiscutíveis" de omissões por parte do governo federal. Aziz pontuou, no entanto, que a antecipação da entrega ainda depende da conclusão de algumas investigações.
"Temos a perspectiva de fechar o mais rápido possível. Mas a questão da Precisa, por exemplo, está mal explicada. Agora o Ministério da Saúde mandou deixar em sigilo, não sei o porquê. A história dos hospitais federais do Rio de Janeiro é grave. Temos ainda as fake news. Se der para fecharmos tudo com dados concretos, sim, é possível fazer o relatório antecipadamente. Mas enquanto não fecharmos, não."
"Amanhã vamos ouvir o tenente-coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, que é do site Força Brasil. Um negacionista que estava negociando vacinas com a Davati. Ele dizia que era contra a vacina e, por trás, negociava para se dar bem. Então vamos fechar todo esse esboço que temos. É importante para que a gente não cometa erros. O que o senador Renan coloca é que, se fecharmos tudo isso, terminaremos antes. Senão, vamos até o prazo final. Ainda tem muita coisa a ser esclarecida, ainda estamos recebendo muitas informações novas, que, por cautela e equilíbrio, precisamos verificar antes de colocar luz."
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