O deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) afirmou nesta quarta-feira (6) em entrevista à Rádio Bandeirantes que, se a Câmara estiver "atrelada" ao Palácio do Planalto, vai "contribuir pouco" ao país. O parlamentar oficializa hoje, em evento marcado para o período da tarde no Congresso, sua candidatura à presidência da Casa.
Rossi é apoiado pelo atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e disputará contra Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
"Eu defendo uma Câmara independente. Se a Câmara estiver muito atrelada ao Palácio do Planalto, pode contribuir pouco ao país. Uma Câmara independente valoriza o mandato de todos os parlamentares. Não só os do nosso campo, todos os 513 que chegaram à Casa através do voto popular e representam parte da sociedade. Quando eu for presidente da Câmara, se Deus permitir, vamos fazer um amplo debate. Uma Câmara independente reafirma a defesa da Constituição. Pode ser um ponto de equilíbrio para alguns exageros que vemos ultimamente. Se não estiver tão próxima do Planalto, ajuda muito mais. Estará conectada com a sociedade. Não critico meu adversário, todos temos direito de defender nossas bandeiras, mas valorizo a defesa da democracia, das liberdades e das instituições."
Até o momento, o emedebista recebeu o apoio da maior parte dos partidos, incluindo siglas da direita, do centro e da esquerda: PT, PSB, PDT, PCdoB, Rede, MDB, PSDB, DEM, PV, Cidadania e PSL. Lira, por sua vez, conta com PL, PP, PSD, Republicanos, Solidariedade, PTB, Podemos, PROS, PSC, Patriota e Avante.
A eleição acontece no dia 1º de fevereiro. Como o voto é secreto, são esperadas "traições" de ambos os lados.
"Nossa candidatura se fortaleceu nesta semana. Os partidos de centro, independentes, se reuniram e escolheram meu nome. Depois conseguimos, em uma frente ampla, o apoio de partidos da oposição. Agora, nossa candidatura não é contra ninguém. É diminuir a importância da Câmara dizer isso."
"Nossa candidatura é a favor da democracia, do estado democrático de direito, das liberdades, das instituições, da vacina, da ciência. Claro que os partidos do centro independente têm pensamentos diferentes da oposição, mas temos essa causa que nos uniu. Temos 281 parlamentares, a grande maioria. A partir de agora vou dialogar com todos com muita humildade sobre a importância de termos uma Câmara livre para ajudar o Brasil a crescer."
Rossi: "Fala de Bolsonaro foi infeliz desabafo"
O deputado Baleia Rossi comentou ainda a polêmica declaração do presidente sobre o Brasil estar "quebrado". Para ele, a fala foi um "infeliz desabafo".
"Acho que foi um infeliz desabafo. Quando o presidente fala, fala em nome de todos os brasileiros. A gente sabe que precisamos voltar com a agenda de ajuste fiscal, a situação da dividida é preocupante, temos uma série de dificuldades e precisamos enfrentar a pauta reformista, mas a situação do país não é caos que pode parecer. Um dos pontos que defendo é a reforma tributária. Precisamos votar medidas que possam sinalizar que o Brasil vai voltar a ter preocupação com a economia, o ajuste e a recuperação de empregos perdidos. A resposta que a Câmara tem que dar é trabalhar e tirar os entraves para as pautas importantes."
O parlamentar defendeu também que o Congresso vote novas medidas para ajudar a população mais vulnerável a enfrentar a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus enquanto não ocorre uma vacinação em massa.
"O mês de janeiro será o primeiro sem auxílio emergencial. Depois vamos ter fevereiro, março... Enquanto a vacina não chegar, as pessoas não vão voltar à normalidade. E são 14 milhões de desempregados. Pessoas que têm força de trabalho, mas não estão arrumando serviço. Temos mais milhões que não estudam e não trabalham. O auxilio ainda mostrou milhões de invisíveis. Neste momento, enquanto não houver vacina e não superarmos a crise de saúde pública, o governo precisa olhar com carinho para que haja uma solução. Ou aumentar o Bolsa Família ou continuar com um auxílio."
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