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Boulos sobre 2022: "Definir nome é ponto de chegada, não ponto de partida"

Datena

Guilherme Boulos (PSOL) disse nesta terça-feira (9) à Rádio Bandeirantes que, embora tenha interesse, não pretende lançar sua pré-candidatura para as eleições presidenciais de 2022 neste momento. Sem criticar diretamente o anúncio do PT sobre a provável candidatura de Fernando Haddad, ele afirmou que definir um nome forte para representar a oposição deve ser "o ponto de chegada" de um processo de discussão, não o "ponto de partida".

Na última sexta (5), Boulos publicou nas redes sociais que a esquerda deveria "buscar unidade para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro". A declaração foi considerada uma crítica ao PT, já que, um dia antes, Haddad havia anunciado sua pré-candidatura, incentivada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Acho que todo partido tem direito de fazer o que quiser. Lançar candidato, tomar posições. O PT tem, o PSOL tem, todos têm. Mas temos que compreender que o momento é grave. O Brasil lida muito mal com a pandemia. O tema da vacinação é expressão disso, com o governo trabalhando contra. A crise econômica é brutal. Com o fim do auxílio emergencial, o país pode ir ao caos, à convulsão social", disse.

"Acredito que o papel da esquerda é sentar em uma mesa, identificar unidades, convergências de projetos e tentar atuar juntamente. O debate de nomes tem que ser feito em uma eleição, mas é o ponto de chegada, não de partida. O ponto de partida é sentar e pensar em um projeto de reconstrução nacional, nas melhores formas e táticas para derrotar esse desgoverno e, de uma forma unitária, buscar uma metodologia para definição de nomes. Defendo isso, mas respeito as decisões de cada um. Lula e Haddad têm o direito de definir as táticas que acharem melhores. Quem sou eu para dar conselho?", completou.

Questionado sobre outro nome apontado como possível candidato, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), Boulos defendeu que ele também participe da construção desse projeto. Em relação à sua própria candidatura, preferiu não cravar ainda, mas indicou que tem interesse.

"A esquerda tem o papel de apresentar projeto, não simplesmente ser anti-Bolsonaro, o que é preciso. Faz 5 anos que o Brasil está apostando em uma política econômica dos cortes. Não corta privilégio, corta dinheiro do SUS, coloca teto de gastos para a educação, corta direitos sociais. Venderam a ideia de que, se cortasse, reduziria o déficit, atrairia investimentos, geraria empregos. O que aconteceu? A dívida pública saltou, o déficit se mantém, destruíram economia. A reforma trabalhista não gerou empregos, a reforma da previdência não gerou um bom ambiente de negócios, ninguém está investindo. Olha a Ford saindo do país."

"É natural que na política haja vaidades, interesses pessoais, disposição de representar um projeto. Só não acho que isso tenha que ficar à frente da necessária unidade. Ciro tem que estar nessa mesa, Haddad tem que estar nessa mesa, assim como outras lideranças (...). Eu mesmo poderia dizer que sou candidato, mas não acho que contribuiria para o processo de construção da oposição. É possível que eu seja, não vou ser hipócrita aqui. Só que lançar meu nome agora contribuiria para dividir e pulverizar a esquerda ainda mais."

CONFIRA A ÍNTEGRA:

https://youtu.be/k1OYLZYIMzg