O ex-governador do Ceará Ciro Gomes criticou nesta segunda-feira (18) em entrevista à Rádio Bandeirantes a "farra marquetológica e demagógica" com o início da vacinação no Brasil, especialmente em São Paulo. Provável candidato à presidência em 2022, ele ainda afirmou que "é preciso botar a bola no chão" e não ter "euforia" com o começo da imunização.
"Estou feliz e aliviado pela vitória da ciência, mas meu compromisso com a verdade e a inteligência do povo não me permite ter euforia. Estou alegre, feliz, comemorando, mas temos que botar a bola no chão. Não é brincadeira a falta de responsabilidade de Bolsonaro e Pazuello, dois canalhas incompetentes que deveriam ser cassados e presos pelo genocídio. Doria também. O que estão fazendo é propaganda, marquetagem", disse Ciro.
"A Anvisa autorizou apenas 6 milhões de doses [da CoronaVac] importadas da China, não mais que isso, e outras 2 milhões [da vacina de Oxford] que seriam da Índia. O Brasil mandaria um avião, mas a Índia mandou desfazer a viagem, para você ver o nível de canalhice. É um palanque eterno sem disciplina e respeito aos mortos. Sabe o que isso quer dizer? A vacina distribuída é questão de ordem pública. São Paulo vai receber 1,349 milhão de doses. O Rio de Janeiro vai receber 487 mil. Minas Gerais, 561 mil. Amazonas, 69 mil. Veja bem, 6 milhões de doses em um país com 209 milhões de pessoas que precisam ser vacinadas é muito, mas não é nada. É uma farra marquetológica e demagógica dos políticos que estão dominando a cena no Brasil."
"Esse início da vacinação é importante? É. Mas depois dos profissionais de saúde e idosos com mais de 75 anos já vão acabar as doses. Agora ainda vem essa notícia típica da falsidade do Doria: a enfermeira que recebeu a primeira vacina é terceirizada. Se dependesse dele, o Butantan teria sido privatizado (...). Na hora de anunciar aquela polêmica com eficácia, ele não está na foto. Na hora de vacinar uma enfermeira precarizada, está ele próprio fazendo discurso como se não tivesse sido um dos grandes eleitores do Bolsonaro. Supõe que o povo é idiota."
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou neste domingo (17) o uso emergencial de duas vacinas contra covid-19 no país: a CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e o imunizante produzido pela Universidade de Oxford com a farmacêutica sueca AstraZeneca e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Minutos depois do aval, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), deu início à aplicação no Hospital das Clínicas da capital. A primeira brasileira imunizada em solo nacional foi a enfermeira Monica Calazans, de 54 anos, que trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e faz parte do grupo de risco por ter obesidade, hipertensão e diabetes.
Segundo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a vacinação começará nos estados ainda nesta segunda com apoio de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) na distribuição das doses.
"O Exército precisa botar a mão na cabeça. Pazuello esta desmoralizando o Exército. Chegando a presidência, vou tomar providências com os critérios de promoção. Não é possível chegar a general sendo canalha e incompetente. Ele esteve em Manaus, recebeu um ofício antes do colapso da Saúde. E foi prescrever cloroquina porque o Bolsonaro obrigou. Canalha! Comprou superfaturado toneladas de cloroquina. Está deixando estragar milhões de testes de covid-19. Não é possível aceitar, por educação politica, esse tipo de comportamento (...). Quer que eu seja um lorde? Arruma outro. Estou completamente indignado, só cadeia e impeachment para resolver", concluiu Ciro.
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