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Diretor do Datafolha: vitória de Covas no primeiro turno não pode ser descartada

Datena

Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Datafolha, disse nesta sexta-feira (6) em entrevista à Rádio Bandeirantes que uma eventual vitória de Bruno Covas (PSDB) no primeiro turno da eleição municipal de São Paulo "não pode ser descartada". Na mais recente pesquisa do instituto, o atual prefeito aparece isolado na liderança da corrida eleitoral.

O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira e mostrou Covas com 28% das intenções de voto. Em seguida apareceram Celso Russomanno (Republicanos) com 16%, Guilherme Boulos (Psol) com 14% e Márcio França (PSB) com 13%.

"Essa última rodada traz o isolamento do atual prefeito na liderança. Ele cresceu em relação à última pesquisa que havíamos feito em 5 pontos percentuais, enquanto Russomanno, que vinha em empate técnico na frente, caiu mais 4. Isso acabou embolando a disputa pelo segundo lugar. Boulos ficou estável e figura com França, que subiu mais 3", disse.

"O interessante é que o atual prefeito conseguiu uma taxa de intenção de voto superior à que o João Doria conseguia nesse mesmo espaço de tempo em 2016. Doria, a 10 dias da eleição, tinha 25%. Agora o prefeito tem 28%. É importante lembrar que o Doria vinha crescendo cerca de 5 pontos por semana e levou a eleição no primeiro turno. É difícil dizer o que vai acontecer, a próxima pesquisa é fundamental para tentar entender as possibilidades. Mas se Covas continuar crescendo nesse patamar, cerca de 5 pontos a cada, e chegar próximo da marca de 40% às vésperas da votação, a reeleição é uma possibilidade que não pode ser descartada", completou.

No entanto, segundo o diretor do Datafolha, uma diferença entre 2016 e 2020 pode ser fundamental para que isso não aconteça. Lá, a migração de votos de Russomanno para Doria "era mais clara", enquanto agora a maior migração é observada para outros candidatos.

"O que percebemos com os cruzamentos das pesquisas é que há, nesta semana, uma migração mais intensa para o França. Boulos está mais estável por que tem pouco tempo na TV. Isso é muito importante, a campanha acaba restrita às redes sociais, onde ele alcança nichos, especialmente os jovens escolarizados. Já o França cresce em segmentos com maior peso na composição da sociedade, entre os eleitores de menor renda", explicou.

Datafolha explica queda de Russomanno

Em relação à crescente queda de Celso Russomanno nos últimos levantamentos do Datafolha, Alessandro Janoni afirmou que o candidato vive uma espécie de "Feitiço do Tempo" – referência ao filme de 1993 protagonizado por Bill Murray em que o personagem fica preso em um "túnel do tempo".

"Ele fica repetindo a mesma realidade. Sempre sai com um patamar de cerca de 30% e depois acaba se desidratando. Ele tem um 'recall' muito alto em função dos programas de TV e dos canais de redes. Desde o início da campanha tentou dizer que defenderia a população não só como consumidores, mas como cidadãos. Só que existe um problema de comunicação em que ele não consegue sustentar essa mensagem. Com ruídos nas propagandas e nos debates, não consegue transmitir essa mensagem. E tem também o apoio de Bolsonaro. Na capital paulista, o presidente não tem uma imagem tão positiva como em outros lugares do país. Aqui, o discurso adotado por ele durante a pandemia marcou muito, assim como a demissão de ministros e os ruídos sobre privatização do SUS."