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"Está faltando comando", diz prefeito de Manaus após protestos por reabertura

Datena

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), criticou nesta segunda-feira (28) em entrevista à Rádio Bandeirantes as mais recentes medidas tomadas pelo governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), no combate ao coronavírus. Segundo ele, está "faltando comando" no estado e no país.

Neste fim de semana, uma multidão se reuniu na capital para protestar contra o fechamento do comércio recém-decretado pelo governo. Para o prefeito, esse fechamento deveria ter acontecido meses atrás, não no final do ano, época em que os comerciantes costumam aumentar as vendas e poderiam ter recuperado parte do prejuízo perdido durante o ano.

"Quando imaginávamos que a pandemia estava no auge, falaram que era uma 'gripe', uma 'gripezinha'. Eu dizia: 'olha, se é gripe, precisa vacinar todo ano, pois pode dar outra vez, ter o problema da reinfecção'. No momento mais duro de muita angústia, eu fui contra o governador abrir. Pensei que tínhamos que dar um jeito de levar alimentos e dinheiro aos mais necessitados e fazer funcionar apenas o essencial. O governador estava influenciado por conselheiros e não aceitou. Aumentou o número de doentes e mortos", disse.

"Lockdown eu havia pedido lá atrás e não fui atendido. 'Vamos fechar tudo', eu disse. Trincar os dentes e suportar tudo que temos para suportar na esperança de que acabemos logo com isso", afirmou Arthur Virgílio Neto. "Está faltando comando. Faltando diálogo."

Após a forte pressão popular do fim de semana, o governador recuou do decreto. "O governador teve uma atitude muito infeliz. Isso me preocupou, falei para ele com a maior sinceridade que não é fraqueza recuar (...). Houve insubordinação civil e ele recuou. Agora já admite o funcionamento do comércio depois de ter feito o que pedi: conversar com os comerciantes. Mas o clima está muito ruim."

Ainda de acordo com Arthur Virgílio Neto, embora Manaus tenha registrado neste domingo (27) um recorde de novos casos da doença com 88 novos registros de internados, os números são "mentirosos" e ainda maiores.

"Qualquer número que te deem, posso assegurar que é mentiroso. Quantos indígenas morreram? Nenhum número vai ser verdadeiro. Ninguém sabe. A posição do presidente da República também deveria ser mais proativa. Ele faz a cabeça do povo, o povo está acostumado a ter um chefe."