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"Não deixei de ser atleticano por não poder ir ao Mineirão", diz Kalil

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Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte
Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, afirmou nesta quarta-feira (7) à Rádio Bandeirantes que não deixou de torcer pelo Atlético-MG simplesmente por não poder frequentar o estádio do clube durante a pandemia. A analogia foi feita para justificar a proibição de missas, cultos e celebrações religiosas na cidade.

"Vou esclarecer uma coisa muito nebulosa nesse assunto. Primeiro, desde março do ano passado nós não fechamos nenhum templo, seja ele de qualquer religião. Todas as igrejas e templos, do candomblé ao evangélico, permaneceram absolutamente abertas. Segundo, quando soltei o decreto de proibição de cerimônias, conversei com a igreja católica, o centro espírita, todos os principais templos de BH e expliquei que a situação era gravíssima. Hoje está estável, esperamos que esteja melhor em 15 dias, mas tudo foi conversado e combinado. Entendeu? Talvez as pessoas de fora não saibam disso", disse.

"Outra coisa, estou proibido de assistir aos jogos do Atlético-MG no Mineirão. Deixei de ser atleticano? Não! É um problema de pandemia, não de amor. O Atlético continua no meu coração, vou assistir tudo pela televisão. É a analogia perfeita. Continuo tão atleticano como sempre. Assim como a religião. Sou católico, devoto de Santa Rita de Cássia, mas não vou amontoar dentro de uma igreja. Não é uma questão religiosa. Estão fazendo uma confusão proposital de religião com pandemia. Não é assim", completou Kalil.

Após o decreto, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu afastar as restrições estaduais e municipais e permitir a realização de celebrações, cultos e missas presencialmente. Ele ainda intimou o prefeito a cumprir a determinação com urgência em Belo Horizonte.

O prefeito respondeu em uma rede social que, na capital mineira, o que vale é outra determinação, anterior a essa, do plenário do STF – referindo-se ao entendimento de que estados e municípios têm autonomia na decretação de medidas. Embora mantenha a mesma posição em relação à proibição de aglomerações, Kalil disse que se arrepende de ter feito a publicação na internet.

"O Supremo tem sofrido de agressões absolutamente inaceitáveis. Eu, quando soltei aquele tuite, não pensei na instituição STF. Foi um erro meu. O Supremo não tem rosto. O Supremo é supremo. Como o Exército. Eu errei justamente porque existe uma campanha para destruir a democracia. Como você vai hoje para uma ditadura? Não é com Exército na rua, é minando as instituições. O Legislativo, o Supremo. Vai minando todos os Poderes para chegar à ditadura. Eu errei e reconheço meu erro de tentar desobedecer uma ordem por achá-la desrespeitosa ao próprio Supremo. Agora, o Supremo me deu a responsabilidade e a carga desumana de cuidar de uma cidade muito grande sozinho. Foi ato do Supremo. Ele que determinou que quem cuidaria da cidade seria o prefeito."