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Prefeito de Manaus diz que medicamentos defendidos pelo governo já são usados na cidade

Datena

David Almeida (Avante), prefeito de Manaus, afirmou nesta terça-feira (12) em entrevista à Rádio Bandeirantes que fechou uma "grande compra" de medicamentos para serem aplicados, no sistema de saúde local, no início dos sintomas em pacientes contaminados com covid-19. Ele não deu mais detalhes sobre a aquisição, mas disse que os remédios em questão já são utilizados por lá.

"[Cloroquina e ivermectina] é o tratamento profilático que se dá. Eu mesmo usei no meu tratamento ivermectina, azitromicina, vitamina C e D, prednisona. Esse é o tratamento que estamos propondo no início dos primeiros sintomas para que a doença não se agrave. Vamos usar, sim. Estamos fazendo uma grande compra para distribuir à população gratuitamente no menor espaço de tempo possível. Cabe ao gestor público decidir no que vai investir. Estamos passando por momentos difíceis, mas muito poderia ter sido evitado se as administrações anteriores tivessem tomado as decisões corretas no momento correto", disse.

"Esses medicamentos já estão sendo usados de forma precoce no tratamento da doença. Se não há comprovação científica... Nós não temos certeza de nada. Todos os sistemas de saúde e todos os cientistas estão de joelhos. Agora tem uma nova cepa no Japão e no Reino Unido, a Suécia está em lockdown, a Alemanha também. Precisamos tratar, aumentar a imunidade da população, é o que queremos fazer."

Segundo informações do Painel da Folha de S. Paulo, o Ministério da Saúde teria pressionado o prefeito de Manaus para que distribuísse medicamentos que não teriam eficácia comprovada, como cloroquina e ivermectina, a pacientes contaminados com o coronavírus. No documento enviado pela pasta do ministro Eduardo Pazuello à secretaria municipal de Saúde, divulgado pela coluna, a alternativa de não fazer a distribuição é considerada "inadmissível". David Almeida não comentou a notícia.

Visita do ministro a Manaus

Pazuello está na capital amazonense desde segunda (11) e já se encontrou com o prefeito e o governador do estado, Wilson Lima (PSC).

"O ministério está presente desde ontem trazendo ajuda. Em Manaus vivemos um flagelo. Essa segunda onda é bem pior que a primeira. Digo aos organismos internacionais que muito pregam pela Amazônia, aos artistas que muito falam que a floresta está queimando... Estamos precisando de ajuda. O governo federal estendeu a mão. Estamos empenhados nos três níveis de governo para minimizarmos essa situação."

"O sistema funerário está muito comprometido. Estamos providenciando a abertura de novos cemitérios verticais. O sistema de saúde já entrou em colapso em todos os níveis, público e particular. Estamos sem leitos. Pessoas são entubadas na recepção."

Recorde em internações

O mais recente boletim divulgado pelo Governo do Amazonas mostra que, em apenas 11 dias, janeiro se tornou o segundo mês com o maior número de novas internações pela doença em Manaus desde o começo da pandemia, ultrapassando maio (ápice da primeira onda). Neste início de mês, a capital registrou 1.979 novos internados, superando os 1.926 de maio. O pior mês até o momento continua sendo abril, quando houve 2.128 novos internados.

Para o prefeito de Manaus, o que contribuiu para a piora do quadro local foi a "acomodação" da população.

"Manaus foi a primeira cidade brasileira a entrar na primeira onda e a primeira a sair. Agora está sendo novamente a primeira a entrar na segunda onda. O vírus deixou todo mundo de joelhos, até grandes potências. Essa segunda onda é devastadora", disse.

"As pessoas se acomodaram. Aglomerações, festas. Algumas pessoas estão sem os cuidados necessários, como utilização de máscara e higienização. Esse movimento de acomodação contribuiu muito. O que se fala sobre segunda onda, nova cepa, não se pode afirmar nada com convicção, tudo é muito novo. Mas certamente a atual situação é mais forte do que aconteceu no início da pandemia, entre abril e maio, quando já foi muito difícil. Agora é bem maior. Tudo que acontece na Europa, nos EUA, em Manaus, pode acontecer nos outros estados."

Ainda de acordo com Almeida, neste momento não há a necessidade de decretar lockdown na capital, mas a possibilidade não está descartada "caso a situação se agrave ainda mais".