O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo do presidente Jair Bolsonaro, disse que o desfile de tanques de guerra realizado nesta terça-feira (10) em Brasília é "um evento lastimável e completamente desnecessário". Segundo ele, a "resposta para essa insanidade é a legislação".
A passagem dos tanques pelo Palácio do Planalto aconteceu nesta manhã e foi transmitida ao vivo nas redes sociais do presidente. Embora o destino dos blindados fosse o CIF (Campo de Instrução de Formosa), onde é realizado anualmente um treinamento da Marinha, o trajeto na Praça dos Três Poderes (onde ficam Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal) não costuma ser feito.
O desfile aconteceu no mesmo dia em que a Câmara se prepara para votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, que estabelece o voto impresso.
"É um evento lastimável. Completamente desnecessário. Uma falta de bom senso. Ou deliberadamente idealizado para fazer uma apresentação que desgaste as Forças Armadas. Desgasta muito. As Forças Armadas são instituições com muita gente valorosa. Não pode estar sendo submetida a esse tipo de exigência. Um evento desse na Praça dos Três Poderes? Ali tem uma simbologia para o Brasil. Não é lugar para ficar fazendo desfile sem motivo nenhum com a desculpa infantil de entregar um convite. É um desrespeito completo às Forças Armadas e ao Congresso Nacional", criticou o general à Rádio Bandeirantes.
"A resposta para esse tipo de insanidade é a legislação. O Judiciário tem que aplicar a lei de maneira forte. O Congresso tem que ser muito mais forte. Câmara e Senado precisam se posicionar, responder de maneira mais contundente contra esse tipo de desatino. Não é possível que o Congresso aceite uma atitude desse tipo. É uma vergonha para o Congresso. Desprestigia nacional e internacionalmente. Essas imagens dos tanques já devem estar correndo o mundo", completou.
"Bolsonaro está destruindo a direita"
O presidente Jair Bolsonaro assistiu ao desfile dos tanques ao lado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e dos chefes da Aeronáutica (Carlos de Almeida Baptista Júnior), do Exército (Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira) e da Marinha (Almir Garnier Santos). A participação dos comandantes também foi alvo de críticas por parte de Santos Cruz.
"A situação de comandante-em-chefe não é para isso. É um titulo de prerrogativa do presidente para diretrizes estratégias, em caso de conflito. Não para ficar vendo desfile em dia que não tem comemoração nenhuma, nada de especial. Besteira. Isso aí é uma mistura de infantilidade e inconsequência. Não é possível acarretar um desgaste desse às Forças Armadas em frente ao Congresso. Um absurdo."
Por fim, o general, que já admitiu a possibilidade de disputar algum cargo nas eleições de 2022, afirmou que o presidente está "destruindo a direita" ao representar "um extremismo irracional".
"Bolsonaro não representa a direita brasileira. Ele está destruindo a direita brasileira. Eu sou de direita. Respeito todo mundo, adversários, quem pensa diferente. Nossa direita é composta por uma classe média que sabe conviver. O que Bolsonaro representa não é isso. É um extremismo irracional característico de qualquer totalitarismo."
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