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Toma lá, dá cá? Major Olimpio explica "rompimento pessoal" com Bolsonaro

Datena

O senador Major Olimpio (PSL-SP), apoiador de Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018, me contou hoje que não conversa com o presidente desde agosto do ano passado, quando houve um "rompimento de ordem pessoal" entre eles.

"Tivemos um rompimento de ordem pessoal quando ele me pressionou para que eu retirasse minha assinatura da CPI da Lava Toga e retirasse o pedido de impeachment contra o ministro Dias Toffoli [presidente do Supremo Tribunal Federal]. Eu falei: 'presidente, não me peça a única coisa que não posso te entregar'. Mas não tenho condição de brigar contra a força de um presidente da República. Então tivemos essa ruptura. Foi em agosto. De lá para cá, nunca mais trocamos uma palavra."

Mesmo assim, Olimpio segue defendendo a CPI da Lava Toga e o processo de impeachment contra Toffoli.

"É necessária a CPI, sim. Além disso, desde a criação da lei do impeachment, nunca se abriu um processo contra um ministro do STF. Senado e Supremo sempre estiveram lado a lado, 'não mexe nas minhas gavetas que não mexo nas suas'. Fui arrebentado por isso. Mas continuo. O que o STF faz é ativismo judicial. Os ministros adoram o eco da própria voz. Fazem votos de 4 horas só porque tem transmissão ao vivo na internet. Resolvem pontos importantes para a nação monocraticamente. Queremos que tenham respeito pela lei." Major Olimpio, senador

Tomá lá, dá cá?

Perguntado sobre possível prática do "toma lá, dá cá" em alguns setores do governo, o senador respondeu que "está acontecendo".

"Eu rompi pessoalmente com o Bolsonaro, mas sou o cara que mais defende os projetos do governo no Senado. E sou ‘0800’. De graça. Não precisa me dar emenda nem cargo. Nem sair em foto comigo. Não confundo as coisas. Acredito que o presidente começou muito bem. Diminuiu o número de ministérios de 29 para 22, escolheu todos os ministros sozinho, desafiando os partidos. Segurou a bronca por mais de um ano. Agora está mal assessorado e preocupado com as votações no Congresso. Não deveria.”

“O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), por exemplo, tem 58 bilhões. É mais que o orçamento de muitos estados brasileiros! Tem ainda o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e tantos outros que já foram aparelhados. O governo está no ‘toma lá’ – o ‘dá cá’ vai ser consequência nas votações.” Major Olimpio, senador

Por essas e outras, Olimpio avalia a possibilidade de deixar o PSL e se filiar a alguma outra sigla. “Estou avaliando.”

Fala, Bivar!

Assim que desliguei a ligação com o Major, conversei também com Luciano Bivar, presidente nacional do PSL. E ele não quer ver o Major longe, não.

"O Olimpio tem convicções fortes. É um homem reto, uma pessoa muito boa. Sei que ele, dentro de suas convicções, entende que houve um ressentimento. Mas de cabeça mais fria pode entender que somos um partido liberal, respeitamos as convicções dos nossos membros. O Major é um deles. Qualquer partido se sentiria honrado em tê-lo. Espero que reflita melhor e permaneça no PSL."