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Infectologista do centro de contingência de SP diz que flexibilização anunciada por Doria é precoce

Datena

O infectologista Marcos Boulos, integrante do centro de contingência do coronavírus de São Paulo, disse nesta quinta-feira (8) à Rádio Bandeirantes que a flexibilização de atividades anunciada ontem (7) pelo governador João Doria (PSDB) é "precoce". Segundo ele, as autoridades deveriam aguardar ao menos duas semanas para terem mais detalhes a respeito da circulação da variante delta, a "cepa indiana", pelo estado.

Doria anunciou a flexibilização dos horários do comércio no estado até as 23h a partir de amanhã (9). Antes, bares e restaurantes estavam autorizados a funcionar apenas até as 21h. Além disso, o governador anunciou "eventos-teste" com pessoas vacinadas contra covid-19.

"Nós não aconselhamos. Quando se fala em termos de liberação de comércio, o grupo de saúde geralmente é contra. Repito: pensando na guerra sanitária, precisaria não liberar. Mas somos conselheiros, apenas aconselhamos. No nosso entendimento teria que esperar para ver o que acontecerá com a variante delta. A situação voltou a piorar na Inglaterra, em Israel, em Portugal, na França. Estamos começando a observar essa variante agora por aqui. Deveríamos esperar mais. É prematuro qualquer tipo de abertura neste momento", declarou Boulos.

O primeiro caso de um paciente infectado pela variante delta do coronavírus em São Paulo foi confirmado no início da semana. Trata-se de um homem de 45 anos que não viajou nem teve contato com nenhuma pessoa que esteve no exterior. Ele, a esposa e os filhos cumprem quarentena e são acompanhados pelas autoridades sanitárias.

O infectologista afirmou que, embora não existam ainda outras confirmações, "certamente" há outros casos da variante no estado que serão descobertos em breve com a continuação das testagens e dos sequenciamentos.

"Não há confirmação, mas existe certamente. Quando identifica uma é porque ela está circulando. Tanto é que o paciente não viajou. Outras pessoas estão contaminadas para terem infectado ele. Está circulando, sim, mas ainda não sabemos o 'tamanho'. Essa variante não está predominando, mas, ao aparecer, ela cresce. Pelo que temos de notícias, o grande problema dela é a alta transmissibilidade. Não é mais grave, mas contribui para o aumento no número de casos. Essa é nossa preocupação neste momento."

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