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CoronaVac: Butantan diz que pausa em testes não trouxe prejuízos; primeiras doses chegam nesta quinta

Datena

A recente interrupção nos testes da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, não trouxe prejuízos ao processo de desenvolvimento. Foi o que Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, disse nesta quarta-feira (18) em entrevista à Rádio Bandeirantes. O primeiro lote do imunizante deve chegar ao Brasil na quinta (19) e, segundo ele, a vacinação pode começar no mês de janeiro, a depender das definições da Anvisa e do Ministério da Saúde.

"Felizmente a interrupção aconteceu de forma rápida. Isso não trouxe nenhum prejuízo para o desenvolvimento. Ficou demonstrado claramente que ela é segura, não tem efeitos adversos graves associados. Temos a notícia de que na China existem técnicos da Anvisa atuando no processo de inspeção. Aqui, as instalações já são certificadas. Estamos prontos para entrar em produção o mais rapidamente possível. É o que todos nós queremos. Cada dia faz diferença nessa pandemia, precisamos correr e atender essa urgência de saúde publica", afirmou.

Covas explicou que serão dois carregamentos. Amanhã, chegam 120 mil doses prontas da vacina da China. Até o final de novembro, chegam 600 litros de matéria-prima para a produção de novos lotes por aqui. A expectativa do instituto é ter 46 milhões de doses prontas da CoronaVac para uso no início de 2021.

"As notícias são excelentes. Quando a Anvisa autorizar e registrar, elas poderão ser usadas dentro de uma programação que o ministério está para definir em relação a qual será o grupo inicial e qual será a sequência. Na minha percepção, os grupos de maior risco devem ser vacinados em primeiro. São os idosos, profissionais da saúde, pessoas com comorbidades e, em seguida, grávidas, professores e profissionais da segurança pública. A parcela que está submetida a maior risco infeccioso", disse.

"O ministério, até momento, não definiu. Ontem, através de um porta-voz, anunciou que os critérios serão anunciados brevemente. Estamos aguardando para que possamos fazer nossa programação (...). Esperamos que elas sejam absorvidas pelo programa nacional de imunização e sejam distribuídas a todo o Brasil. O Butantan é o maior fornecedor de vacinas do Ministério da Saúde, todas que produzimos, mais de 100 milhões por ano, são entregues ao programa. Esperamos que, apesar de toda essa polêmica e política, não mude essa lógica. Trabalhamos para fornecer para todo o Brasil."

Artigo aponta eficácia de 97% da CoronaVac

Um novo artigo publicado na noite de terça (17) na revista The Lancet informou que a CoronaVac é segura e consegue produzir uma resposta imune do organismo contra o coronavírus. Segundo a publicação, a vacina produziu resposta imune no organismo 28 dias após sua aplicação em 97% dos casos.

De acordo com Dimas Covas, embora o artigo tenha sido publicado agora, o Butantan já havia fornecido os dados à Anvisa em agosto. "Tudo isso corrobora para a segurança e eficiência da vacina na indução de resposta imunológica."

Em relação ao aumento de casos de covid-19 que tem sido notificado pela imprensa em diversos estados brasileiros, o diretor do instituto disse que é preciso aguardar os próximos números. "Essa é a grande questão do momento. Há uma indicação clara de que os casos estão aumentando no Brasil e em São Paulo. A pergunta é qual será a intensidade. Pode ser um aumento pontual, restrito às classes A e B, como tem acontecido nos hospitais privados. Precisamos olhar os números diariamente, estar atentos e tomar as medidas necessárias."