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Covid-19: enfermeira brasileira na Itália teme debandada de profissionais da saúde no país

Datena

Médica brasileira Cláudia Aparecida de Morais, que trabalha na Itália, conversa com Datena sobre pandemia de Covid-19 no país
Médica brasileira Cláudia Aparecida de Morais, que trabalha na Itália, conversa com Datena sobre pandemia de Covid-19 no país

A Itália vive a ameaça de uma nova onda de Covid-19. No último domingo, 18, o país registrou novo recorde de casos pelo quatro dia seguido: 11.705 – a maior contagem diária desde o início do surto. Já se fala inclusive em medidas restritivas mais duras para tentar frear o avanço do vírus, como um lockdown. A enfermeira brasileira Cláudia Aparecida de Morais, que trabalha em um hospital italiano, teme os efeitos nos profissionais de saúde.

“Nós estamos desmoralizados. Estamos cansados, com as forças no limite. Não esperávamos que voltasse assim tão rápido”, disse Cláudia em entrevista à Rádio Bandeirantes, nesta segunda-feira.

Ela relatou que, pelo o que ouve de companheiros de trabalho, um novo surto pode causar uma debandada de profissionais, tamanho o desgaste.

“O que eu escuto de todos os colegas é que, se voltar como março, [dizem] 'eu vou ficar em casa, porque não aguento mais'."

“Tenho certeza que não [que não haverá debandada]. Gosto de pensar positivo, primeiro que não vai acontecer como março e, se acontecer, o dever fala mais alto. Não creio que teremos coragem de abandonar se o barco estiver afundado."

E o problema não seria totalmente novo. Segundo Cláudia, muitos trabalhadores “abandonaram a profissão, foram para outras”. Isso sem falar nas mortes – apenas ontem três médicos faleceram na Itália, de acordo com ela.

Alerta para o Brasil

Cláudia afirma que a maior preocupação no momento é uma possível falta de vagas nas terapias intensivas, sem que seja necessário tirar leitos de outras doenças. “Já estamos com 750 pessoas em terapias intensivas na Itália, é um número muito alto”, disse a enfermeira, que lançou um alerta para os brasileiros.

“Agora aí [no Brasil] a curva vai descer, como foi aqui no início do verão, mas se não aparecer uma terapia que resolva e a vacina daqui até a próxima primavera daí, significa que aí também vai voltar a subir”, declarou.

Como evitar? Ela reforça: precauções higiênicas e uso da máscara.

“As pessoas precisam se conscientizar que o vírus existe, que ele está presente, que não foi extinto”, alertou.

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