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Dimas Covas espera aprovação da CoronaVac até domingo: "Não podemos burocratizar a morte"

Datena

A CoronaVac, vacina contra covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, deve receber aprovação para uso emergencial no Brasil até o próximo domingo (17). A afirmação é de Dimas Covas, diretor do instituto.

"Tudo indica que, havendo autorização de uso emergencial no próximo domingo, quando está marcada uma reunião pública na Anvisa com diretores, as vacinas estarão disponíveis. Temos 6 milhões de doses prontas, na prateleira, ansiosas para seguirem caminho em direção aos estados e municípios. Havendo essa autorização, a vacinação deve se iniciar o mais rapidamente possível. Depende da distribuição do Ministério da Saúde. Da nossa parte está tudo pronto. Pode acontecer no início da próxima semana", disse à Rádio Bandeirantes.

A Anvisa recebeu o pedido de uso emergencial da CoronaVac no dia 8 deste mês. No dia 9, solicitou novos dados, que, segundo a agência, estavam incompletos.

"Faltam só informações complementares, adicionais, esclarecimentos sobre os documentos. Estamos encaminhando tudo, 40% da documentação neste momento já foi analisada. Estamos acompanhando esse progresso, devemos complementar todas as informações ainda hoje. Até domingo, a Anvisa estará absolutamente apta a dar seu veredito. O que já foi fornecido é mais que o suficiente para autorizar o uso emergencial. Já aconteceu em três países, China, Indonésia e Turquia, poderia estar sendo usada aqui também. Não podemos burocratizar a morte. Cada dia em que esperamos um carimbo, 1,2 mil pessoas morrem. Vacina na prateleira não salva vidas", explicou Dimas.

Segundo o diretor, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, deve fazer um anúncio em breve dos quantitativos de doses que serão enviadas a cada estado e do esquema de logística. Dimas considera possível que todos os estados comecem a vacinação no mesmo dia em suas capitais.

"Esperamos que não haja nenhum atraso por parte da Anvisa (...). A vacina do Butantan é única que neste momento está aqui. Ainda não tem outra. Vão chegar 2 milhões [da vacina de Oxford] da Índia, mas ainda não chegaram. Neste momento só temos as 6 milhões do Butantan."

Dimas Covas: "Eficácia é espetacular"

No início da semana, Dimas Covas informou, em coletiva de imprensa do instituto com o governo do estado, que a eficácia geral da CoronaVac nos estudos clínicos feitos no país foi de 50,38%. O índice aponta a capacidade do imunizante de proteger em todos os casos (leves, moderados e graves). O mínimo recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é de 50%.

Após a divulgação, o presidente Jair Bolsonaro ironizou o imunizante em conversa com apoiadores. "Agora estão vendo a verdade. O que eu apanhei por causa disso...", disse. "Essa de 50% é uma boa?", completou, fazendo referência à CoronaVac. Para Dimas Covas, no entanto, os números são "excelentes".

"É importante explicar que a eficácia divulgada é para um estudo feito em profissionais de saúde. Isso traz uma diferença fundamental. Eles são os mais desafiados pelo vírus com incidência muito mais alta que na população. Para a população normal, testada na Turquia, por exemplo, onde começou ontem a vacinação emergencial, o índice foi de 91% nesta população. Então é importante essa observação. Esse 50,38% foi específico para os profissionais que têm alta exposição ao vírus. A incidência é de 22%, sendo que o habitual para a população no Brasil é 3% ou 4%", explicou.

"A vacina foi submetida a um teste muito rigoroso e apresentou um resultado excelente em prevenção da doença: 100% em casos graves e 78% em casos leves. Um desempenho espetacular, comparável a qualquer outra usada neste momento. Nenhuma outra foi testada em profissionais da saúde. Todas foram na população geral. É bom esclarecer, tem muita dúvida e muita conversa."

ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

https://youtu.be/KIe3MouUTuI