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Erro em testes da vacina de Oxford não deve impedir registro, diz pesquisador da Fiocruz

Datena

O pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Rivaldo Venâncio disse nesta quinta-feira (26) em entrevista à Rádio Bandeirantes que o erro de dosagem na fase 3 de estudos clínicos da vacina desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford contra covid-19 não deve impedir um eventual registro por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

"Esse é um momento difícil para a humanidade e também para os laboratórios que estão pesquisando alternativas para enfrentarmos essa situação. O que aconteceu com a vacina da AstraZeneca foi um detalhe. Foi dada metade da dose a alguns voluntários e observou-se que eles tiveram uma resposta imunológica ainda maior. Não creio que isso seria suficiente para impedir um eventual registro. Até porque não temos grandes alternativas no mundo nem capacidade de produção de alguns bilhões de doses para cobrir toda a necessidade da humanidade", disse.

"Esse comunicado foi com os resultados parciais. Acredito que, em mais algumas semanas, quando saírem os resultados robustos, inclusive envolvendo centros de estudos fora da Inglaterra, todo esse processo estará esclarecido. Acredito, sim, que a vacina de Oxford será registrada", completou o pesquisador.

O que aconteceu foi o seguinte: segundo os cientistas, os testes mostraram que o imunizante mostrou eficácia de 90% quando aplicado em meia dose seguida de uma dose completa. Já quando aplicado em duas doses completas, a eficácia foi consideravelmente menor, de 62%.

Os resultados causaram estranheza em parte da comunidade científica, e veículos de imprensa internacionais divulgaram que a confusão na divulgação de dados poderia enfraquecer a confiança na confiabilidade dos resultados e ser um empecilho em futuras tentativas de registro da vacina de Oxford junto aos órgãos reguladores de outros países, como o FDA norte-americano.

Vacina da Oxford em fevereiro?

Rivaldo Venâncio reafirmou também que a expectativa da Fiocruz é começar a entregar ao governo doses da vacina de Oxford prontas para utilização em larga escala entre o final de fevereiro e início de março de 2021.

"O processo de transferência de tecnologia está bem avançado. Os pesquisadores da Fiocruz e da Oxford têm trocado informações diariamente. Alguns equipamentos para ampliar o parque industrial da vacina já foram encomendados. A expectativa é que no máximo entre o final de fevereiro e início de março comecemos a entrega de doses da vacina para utilização em larga escala a partir do registro com Anvisa (...). A definição final sobre quem receberá primeiro e quem receberá depois será do Ministério da Saúde."