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"Não basta a empresa dizer que funciona", diz gerente da Anvisa sobre pílula contra covid

Datena

O gerente-geral de medicamentos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Gustavo Mendes, disse nesta sexta-feira (15) em entrevista à Rádio Bandeirantes que, embora a farmacêutica MSD (Merck Sharp & Dohme) tenha divulgado informações promissoras sobre uma nova pílula contra covid-19, a agência ainda não recebeu nenhum documento para validar essa eficácia.

O remédio em questão é o Molnupiravir. No início do mês, a farmacêutica divulgou que os dados preliminares dos testes mostraram que ele pode reduzir em até 50% o risco de hospitalização por casos graves e mortes decorrentes da doença.

"A empresa veio testando o medicamento, houve testes no Brasil inclusive, alguns brasileiros se voluntariaram, e, pelo anúncio, ele parece ser promissor na prevenção de casos graves da covid-19. Mas não recebemos nenhum dado, não tivemos acesso aos estudos. O que precisa acontecer agora é a empresa reunir um dossiê com essas informações e mandar para a Anvisa revisar", explicou o gerente.

"Não basta falar que funciona, precisamos confrontar, revisar e ver se é isso mesmo. Esses passos precisam ser dados. O 'frisson' acontece porque é um remédio oral, uma pílula, diferente dos outros que aprovamos até agora, que são injetáveis e precisam ser usados em ambientes hospitalares. Por isso a grande repercussão", completou.

Até o momento, a Anvisa aprovou cinco medicamentos contra covid-19: Remdesivir, Casirivimabe e Imdevimabe (coquetel), Banlanivimabe e Etesevimabe (coquetel), Regdanvimabe, e Sotrovimabe.

Para que sejam incorporados ao SUS (Sistema Único de Saúde) e disponibilizados à população, os produtos precisam ser aprovados também pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), órgão ligado ao Ministério da Saúde que avalia a relação custo-efetividade de cada um.

Enquanto a Anvisa aguarda o recebimento dos dados, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) negocia com a MSD a possibilidade de produzir o Molnupiravir em solo brasileiro. Em nota, a fundação informou que "está em diálogo avançado com a farmacêutica norte-americana para definir a melhor forma de acesso à população brasileira e um modelo de cooperação técnica".

"Vemos com cautela os dados apresentados pela empresa. Essa fase é muito preliminar, mas vamos acompanhar. A Anvisa dá todo o suporte e aconselhamento científico", concluiu Mendes. "As vacinas ainda são a melhor estratégia para o enfrentamento das doenças virais, como a covid-19. Prevenção é sempre melhor que tratamento. Reforçamos que as vacinas que aprovamos são efetivas, as pessoas precisam se vacinar."

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