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"Março e abril tendem a ser terríveis", alerta presidente do Conass

Datena

Embora os meses de janeiro e fevereiro tenham registrado recordes nos números de contaminações e mortes por covid-19 no Brasil, março e abril podem ser ainda piores. A afirmação é de Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

"Infelizmente nós vivemos a situação mais difícil desde o início da pandemia. Nunca tivemos tantos estados à beira do colapso ao mesmo tempo. Hoje há ao menos 15 estados com mais de 90% de ocupação de leitos de UTI. Ontem foi o dia que registrou o maior número de mortes desde o início da pandemia, mais de 1,5 mil, e acredito que logo vai deixar de ser o pior. Março e abril tendem a ser terríveis. Com a vacinação lenta, não teremos um número considerável da população vacinada, o que acontecerá lá para o segundo semestre, e as próximas semanas serão muito difíceis. Considerando hoje o quadro de leitos de UTI, teremos o número de óbitos aumentando", disse o presidente do Conass nesta sexta-feira (26) à Rádio Bandeirantes.

"Eu tinha uma posição pessoal de que não deveríamos ter tido um processo eleitoral no ano passado. O Congresso entendeu que deveríamos. Ao mesmo tempo, o TSE resolveu não mexer em propaganda. Deveria ter havido restrições. Desde novembro, tivemos aumento de casos. O processo eleitoral se juntou a outro problema, as festas de final de ano que mobilizam a sociedade inteira (...). Então tivemos o combo eleição, festas e sazonalidade das síndromes respiratórias. Com o período de maiores chuvas, ficamos em ambientes fechados, com janelas fechadas, e a transmissão aumenta", completou.

O presidente do Conass afirmou que o principal problema da covid-19 é que a doença "estressou um sistema de saúde que não estava preparado", destacando que o SUS é utilizado por mais de 70% da população brasileira (número que em alguns estados chega a 95%). Questionado sobre as regiões que enfrentam a pior situação, disse que não é possível pontuar apenas "uma ou outra", mas que "os olhos precisam se voltar para o Norte".

"Precisamos lembrar que se intensificou o período de chuvas por lá e que a situação do Acre é gravíssima. Além da covid-19, o estado terá que lidar com outras doenças que possuem sintomas parecidos e tratamentos totalmente diferentes: dengue, zika, chikungunya e febre amarela."

Lei de compra de vacinas

Carlos Lula participou de uma reunião ontem (25) com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Segundo o presidente do Conass, ele aproveitou a oportunidade para pedir que o presidente Jair Bolsonaro não vete o Projeto de Lei de compra de vacinas aprovado nesta semana pelo Senado.

De acordo com rumores de Brasília, Bolsonaro estaria em dúvida em relação à lei por discordar de cláusulas impostas especialmente pela farmacêutica Pfizer.

"Tive uma conversa franca com o ministro no sentido de colocar o seguinte: temos que deixar nossas diferenças de lado e colocar todos os estados com o ministério para combater o vírus. Deixar a politica de lado e apontar o Brasil num sentido só. Acertamos o pagamento de leitos de UTI e fiz o pedido para que não haja veto por parte do presidente. Esse PL facilita a compra de vacinas. Se fossem cláusulas [da Pfizer] impostas só ao Brasil... Mas foi para o mundo inteiro. Não tem porque criar essa polêmica com algo que não vai mudar. A situação do mundo é essa."

"Nós acertamos cláusulas parecidas com outras vacinas. Não é o momento de vetar para depois ir ao Congresso, derrubar ou manter... Precisamos comprar vacinas! Se tem uma vacina segura e eficaz (e essa aparenta ser a melhor) porque não comprar? Vamos comprar e disponibilizar o mais rápido possível. O ministro quer ter metade da população vacinada até julho. Espero que consiga antes. Quanto mais rápido, melhor."