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Pesquisador da Fiocruz critica dose de reforço da CoronaVac em idosos com mais de 80 anos

Datena

Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz, criticou nesta terça-feira (14) a aplicação da vacina CoronaVac como dose de reforço em idosos com mais de 80 anos em São Paulo. De acordo com ele, segundo os dados apresentados até o momento, a decisão do estado em utilizá-la como terceira dose nesta população é "questionável do ponto de vista científico".

"Temos um problema grande em idosos que tomaram CoronaVac. A vacina gera uma resposta imune menor. Temos pelo menos dois estudos mostrando que, em pessoas acima de 80 anos, a efetividade é menor que 50% para prevenir óbitos. Não se justifica utilizá-la como reforço nessa população (...). Existe uma insistência do estado em usá-la como dose de reforço nesta população sendo que a própria nota técnica do Ministério da Saúde não recomenda", disse à Rádio Bandeirantes.

O ideal, segundo o infectologista, seria reservar as vacinas da Pfizer para aplicar como dose de reforço, já que, com este imunizante, os estudos mostram resultados melhores. Para isso, bastaria aguardar para iniciar a campanha para adolescentes.

"O Brasil é o único país que está utilizando CoronaVac como dose de reforço para essa população. Não tem nenhum outro país no mundo. A ciência vai na direção contrária ao que São Paulo está fazendo, infelizmente. Ao mesmo tempo, o estado amplia a vacinação de adolescentes com a Pfizer, uma faixa etária que poderia esperar o momento mais oportuno, quando tivesse mais doses. É bastante difícil entender essa decisão. É questionável do ponto de vista técnico", completou.

Julio Croda ressaltou, por outro lado, que a aplicação da CoronaVac como reforço em idosos ou pessoas imunossuprimidas com menos de 70 anos pode, sim, ser efetiva.

"Temos dados sólidos com pessoas abaixo de 70 anos. A efetividade é bastante elevada. Qualquer vacina aplicada na população desta idade é extremamente efetiva para prevenir hospitalizações e óbitos. Isso foi publicado na The Lancet."

O secretário disse ainda que a Pfizer deve ser utilizada "em breve" como dose de reforço, após o fim do ciclo de imunização dos jovens e adolescentes, com idades entre 12 e 18 anos.

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