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Secretário de SP: movimento nas praias pode adiar volta às aulas

Datena

O secretário de Educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares, disse hoje em entrevista na Rádio Bandeirantes que a grande movimentação de turistas registrada nas praias do litoral pode fazer com que a volta às aulas seja adiada em algumas regiões. Inicialmente, o governo estabeleceu o retorno de atividades extracurriculares presenciais na rede estadual para esta terça-feira, 8 de setembro, e a volta às aulas regulares em 7 de outubro.

"Nosso plano prevê duas etapas. A volta às aulas tem a possibilidade de ser dia 7 de outubro. Para isso, temos que cumprir as condicionalidades e avaliar o mês de setembro. Por exemplo, dependendo do que acontecer nos 14 dias pós-praia, poderemos ter regiões fora da fase amarela [do Plano São Paulo], assim elas não retornarão às aulas. A cada semana vamos avaliando. Tudo vai ser avaliado pela área da saúde. E voltaremos em forma de rodízio, com limite de 20% dos alunos."

"Agora, em setembro, há a possibilidade de termos aulas de reforço com atividades presenciais. Isso vai ser opcional para a família, para a escola e para o professor. Os municípios também têm que liberar, a região precisa estar há 28 dias consecutivos na fase amarela. Essas atividades podem ser de reforço de matemática, português, ou uma roda de conversa com os jovens sobre saúde mental. Pensamos em atender os que mais precisam, liberando a utilização de laboratórios de informática para quem não tem computador, por exemplo."

"Hoje temos 128 cidades que vão ter algum tipo de atividade. Lembrando: atividades extremamente reduzidas. Não é volta às aulas nem nada parecido com isso. Uma escola que tem 500 alunos vai atender 10, algo assim."

Questionei o secretário ainda sobre a pesquisa Ibope divulgada pelo jornal O Globo que mostrou que, para 72% dos entrevistados, os alunos só deveriam retornar às escolas depois que uma vacina para o coronavírus estiver disponível.

"Estamos desde março falando todos os dias 'fique em casa, fique em casa'. Lógico que agora as pessoas têm receios, temos que respeitar e entender. Mas a volta às aulas será com prudência. Não dá para ser sem. As cenas de praia, cenas de bares lotados... Como sociedade, precisamos priorizar o retorno de coisas que são prioridade de verdade, e a educação deveria ser."

O secretário destacou também que, quanto mais tempo as escolas ficarem fechadas, mais difícil será recuperar os prejuízos de aprendizado nos alunos.

"Sou muito a favor de voltar quando tivermos oportunidade. Com segurança, cumprindo os protocolos. Não dá para ficarmos esperando a vacina. E se ela não chegar tão rápido? E se não chegar para todos? O prejuízo que já é gigante em uma geração vai se tornar irrecuperável."

"Na época da H1N1 houve uma avaliação que mostrou que, após duas semanas sem aulas, o desempenho em matemática no quinto ano caiu 4,5%. Estimamos que neste ano possamos perder até 60%. A dificuldade de recuperar será ainda maior. Sem contar no problema da evasão. Estudos apontam índices de 35% no mundo, especialmente entre os jovens. Isso envolve a questão econômica. O pai vira para o filho e pergunta: você vai ajudar a botar comida na mesa da família ou vai para escola? Essa pergunta nunca deveria ser feita, mas existe a dificuldade econômica. Especialmente quando as ajudas do governo deixarem de existir."