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Peritos são usados como "massa de manobra" de associação, diz presidente do INSS

Datena

Voltamos a falar por aqui sobre o impasse no INSS. Embora alguns médicos estejam retornando aos poucos ao trabalho presencial nas agências do país, outros continuam seguindo a orientação da Associação Nacional de Médicos Peritos (ANMP) e se recusando a voltar. Eles alegam falta de segurança sanitária, mas o presidente do INSS, Leonardo Rolim, não acredita. Para ele, a associação possui "outros interesses" em relação à paralisação.

"É importante a gente destacar que não são os peritos como um todo que pensam dessa forma. Há uma associação que tem interesses por trás, que não vou entrar no mérito, e infelizmente uma parcela dos peritos serve de massa de manobra para esses interesses", disse hoje em entrevista na Rádio Bandeirantes.

Perguntei quais interesses seriam esses, mas ele não quis entrar em detalhes. "Prefiro me abster de falar. As pessoas que acompanham sabem. Envolve questão política e ocupação de cargos."

Leonardo Rolim contou também que a Advocacia Geral da União (AGU) já recorreu da decisão da Justiça Federal que suspendeu o retorno e o corte de ponto dos peritos que estão faltando ao trabalho. Essa decisão havia sido tomada pelo juiz federal Márcio de França de Moreira, do Distrito Federal, no âmbito de uma ação movida pela própria associação.

"Acredito que esse juiz tomou uma decisão sem analisar melhor os fatos. Tomou com base apenas no que está escrito [na ação]. A AGU já recorreu e estamos otimistas de que a Justiça irá rever ao analisar os fatos e ver que temos, sim, EPIs e tomamos todos os cuidados para garantir a segurança sanitária de todos."

"Exclusividade de um lado só"

Perguntei ao presidente do INSS ainda sobre aquela história que já comentamos por aqui de os médicos responsáveis pela perícia nas agências serem autorizados a ter uma segunda atividade profissional.

"Essa exclusividade é de um lado só. O perito pode ter outra atividade, mas nós não podemos contratar outros que não sejam os de carreira pública. Isso está previsto na lei. Assim como está previsto que essa é uma carreira essencial e que eles não podem fazer greve. Não poderiam estar descumprindo a ordem da chefia e é o que está acontecendo, já que secretário a quem estão subordinados determinou que deveriam retornar."