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Mauricio de Sousa sobre Quino: "No início ele me isolava, depois ficamos amigos"

Datena

Todo mundo se emocionou com a homenagem que Mauricio de Sousa fez nas redes sociais ao argentino Quino, cartunista criador da personagem Mafalda que faleceu no último mês. Convidado do Papo com Datena de hoje, ele contou mais detalhes da relação que tinha com o colega e revelou que o início da amizade não foi dos mais tranquilos.

"Eu fui muito amigo dele, mas no começo ele me isolava um pouco. Isso muitos anos atrás, nas feiras de revistas. Ele era contra artista usar personagem comercialmente. O tempo passou, o personagem dele cresceu e ele procurou se cercar de mais informações sobre merchandising. Até que viajou da Argentina para o Brasil e veio ao meu estúdio perguntar como eu fazia. Fiquei maravilhado! No começo me isolava, depois veio perguntar (risos). Éramos grandes amigos. Fui para a Argentina também um pouco depois, trocávamos muitas ideias. A vida é assim. Sempre tem um momento para o acerto, o encontro, a sintonia."

Logo após a notícia do falecimento, Mauricio compartilhou um texto emocionante homenageando "um dos maiores desenhistas de humor de todos os tempos". "O amigo Quino está agora desenhando pelo universo com aqueles traços lindos e com um humor certeiro como sempre fez. Criou sua Mafalda, hoje de todos nós, no mesmo ano em que eu criei a Mônica, em 1963. Por isso, nos tornamos irmãos latino-americanos para desbravar o mundo dos quadrinhos", postou.

"Estive com ele em 2015, em Buenos Aires, no Centro Cultural Brasil-Argentina, onde o presenteei com uma Mônica ao lado da Mafalda na comemoração dos 50 anos das duas personagens. Uma pessoa dócil e um dos maiores desenhistas de humor de todos os tempos. Quino vive agora mais forte dentro de nós," concluiu, mostrando um desenho em que Mônica aparece oferecendo Sansão para Mafalda.

Mauricio: "Gibis são paliativos na pandemia"

Claro que conversamos também sobre a pandemia do coronavírus e o isolamento social. Mauricio de Sousa contou que está de quarentena em sua casa desde o início do ano, mas disse que nunca trabalhou tanto como agora.

"A pandemia me pegou de maneira mais ou menos confortável. Tenho uma casa com jardim, conforto, um cachorrinho, todo atendimento que preciso. Fiquei em isolamento nos últimos 7 meses, saí apenas três vezes. Mas não deixei de me ocupar. Nunca trabalhei tanto! Acompanho por aqui toda a produção do estúdio, que não pode parar", afirmou.

"Essa situação não é normal, principalmente para a criança. Criança não quer ficar presa, parada sem fazer nada. Nós temos esse paliativo gostoso que é nossa revista em quadrinhos, nossos filmes. Nosso material é para isso: atrair a criançada com diversão ao mesmo tempo em que alfabetiza e educa (...). Temos uma ala do estúdio trabalhando só em material para a pandemia. Houve até aquele grande momento em que o Cascão lavou as mãos para mostrar como faz! Até ele, que não gosta de água! Aquilo ficou icônico. Essa é a beleza da comunicação para a criançada."

CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA: