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Pedro Bial: Bolsonaro e Trump "pagaram preço pelo negacionismo" nas eleições

Datena

O apresentador Pedro Bial disse nesta segunda-feira (23) à Rádio Bandeirantes que acredita que, nas eleições municipais deste ano, o presidente Jair Bolsonaro "pagou o preço" pela postura "negacionista" que teve em relação à pandemia do coronavírus. Grande parte dos candidatos apoiados pelo Planalto, como Celso Russomanno em São Paulo, por exemplo, não conseguiu alcançar um número expressivo de votos.

"O Bolsonaro, assim como o Donald Trump nos Estados Unidos, está pagando o preço de ter menosprezado o valor da vida. Você pode ter críticas ao isolamento, como ele foi feito, a atenção à economia, mas precisávamos ter tido uma liderança que não houve. A liderança do Bolsonaro não veio na hora em que qualquer um estava disposto a aceitá-la. Dizer que 'vamos perder algumas vidas aí' não dá. Cada vida que se perde é uma perda do tamanho do universo", disse.

"O Trump pagou com a eleição de agora. Muito da derrota dele se atribui à política de negacionismo. Talvez essas eleições municipais sejam um sinal desse preço que o Bolsonaro vai pagar. Não tenho tanta certeza, eleição municipal é um pouco diferente da eleição majoritária nível nacional. Mas é bem possível que ele já esteja colhendo frutos de um negacionismo e uma falta de compaixão e solidariedade que tem que mover o homem público", completou Bial.

O apresentador afirmou ainda que outra consequência da pandemia foi a "exacerbação de problemas antigos do país", como a desigualdade social e o racismo, e defendeu que, a partir de agora, a sociedade brasileira busque caminhos em comum em vez de focar nas polarizações.

"Tudo que de alguma maneira estava encoberto se escancarou. A pandemia, a quarentena, o isolamento social, as consequências na economia, tudo exacerbou problemas antigos que existem no Brasil desde que temos um projeto de nação (...). Perdemos muito tempo buscando onde discordamos em vez de procurarmos um território comum. Posso ter valores e formas de vida completamente diferentes do meu vizinho, mas temos coisas em comum. A diminuição da desigualdade interessa a todos. O combate ao racismo interessa aos brancos. O combate à pobreza interessa aos ricos. Nós, comunicadores, temos responsabilidade de tornar isso comum, ao conhecimento de todos, para que a gente comece a trabalhar juntos. Apostar no conflito acaba mal", concluiu Bial.

CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA:

https://youtu.be/YQh9Izl3Y7o