O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) disse nesta segunda-feira (30) em entrevista à Rádio Bandeirantes que os resultados das eleições municipais deste ano mostram que "o brasileiro mandou o lulopetismo e o bolsonarismo embora", fazendo referência ao pequeno número de candidatos eleitos de integrantes do PT e de aliados do presidente Jair Bolsonaro.
"Estou muito feliz, fizemos um enfrentamento poderoso na minha terra. A sociedade civil se levantou. Não fomos nós, foi a sociedade, os artistas, os sindicatos, diversas ideologias e partidos, liderados pelo governador Camilo Santana, com um candidato moderado capaz de estender a mão. Eu comemoro junto. Mas o povo brasileiro parece ter determinado como segunda razão do voto o alinhamento ideológico para cá ou acolá. O brasileiro mandou o lulopetismo radical e o bolsonarismo boçal para fora. Falou: 'Vão brigar lá fora'. Foi um grande voto ao centro, centro-direita e centro-esquerda. Precisamos organizar para ver se isso tem desdobramentos no futuro do país", declarou.
O candidato apoiado por Ciro Gomes em Fortaleza, Sarto Nogueira (PDT), venceu no domingo (29) a eleição municipal para prefeito. A chapa do pedetista chamou a atenção ao receber, no segundo turno, apoio de siglas de diferentes espectros ideológicos, como DEM, PSDB, PT e PSOL.
Sarto foi eleito com 668.652 votos (51,69% dos votos válidos), contra 624.892 (48,31%) do adversário, Capitão Wagner, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Outros nomes considerados fortes da esquerda pelo país, no entanto, perderam a corrida eleitoral em importantes capitais, como São Paulo (com Guilherme Boulos do PSOL) e Porto Alegre (com Manuela D'Ávila do PCdoB).
Ciro Gomes citou ainda outros resultados abaixo do esperado que o PT teve em capitais como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador, e resultados satisfatórios que alianças do PDT tiveram em outras, incluindo Aracaju, Maceió e Natal.
"O Flavio Dino [governador do Maranhão do PCdoB] resolveu não apoiar ninguém. Foi votar com camiseta 'Lula Livre'. Eles perderam um pouco a noção da realidade. Ganhou essa eleição quem soube interpretar a realidade do país com humildade. Isso aconteceu no Brasil inteiro. Só eles não querem ver. O Boulos chegar onde chegou significa que agora você pode expressar uma predileção com a esquerda radical sem ter que explicar os fracassos do PT. Eles vão perder. Não tem humildade nem capacidade de compreender e se reconciliar com o povo."
Ciro Gomes fala em projeto para 2022
Candidato à presidência em 2018, Ciro adiantou, por fim, que pretende, sim, preparar um projeto para as eleições presidenciais de 2022 focado em alianças.
"Sem dúvida. Estou dedicado a construir uma grande aliança do centro e da esquerda. Sem repartição de cargo, com uma questão clara: o Brasil precisa de uma reforma política (...). Se o Fernando Henrique Cardoso tivesse feito, teríamos mudado o Brasil. Se o Lula tivesse feito, teríamos mudado o Brasil. Nossa grande aliança será deslocar o centro político respeitado da aliança com a direita podre e do esquerdismo infantil."
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