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Fiocruz: vacina BCG da tuberculose pode ter efeito contra covid-19

Datena

Novidade na "corrida das vacinas" contra covid-19! Além da vacina de Oxford, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai coordenar outro estudo, desta vez em parceria com o Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch da Austrália. Segundo uma das coordenadoras do trabalho no Rio de Janeiro, Margareth Dalcolmo, os cientistas começarão a testar a eficácia da BCG, usada para prevenir a tuberculose, contra a infecção pelo coronavírus.

"Esse estudo vai utilizar a vacina BCG, largamente conhecida e utilizada há muitos anos no Brasil para proteger contra formas graves de tuberculose. Ela é aplicada em recém-nascidos ainda na maternidade. Essa é uma política de vacinação conhecida, seguida por vários países. Recentemente observamos uma queda na cobertura dessa vacina por causa dos movimentos anti-vacinas – que eu considero quase criminosos por privar uma criança desse direito."

"Esse estudo que estamos discutindo, já aprovado para desenvolvimento no Brasil, será com a BCG aplicada em profissionais de saúde adultos para prevenir a covid-19. Parece que ela pode ter algum efeito protetor (...). A partir de outubro acontecerá a inclusão de mil profissionais de saúde no Rio de Janeiro e 2 mil no Mato Grosso do Sul. Devemos começar essa inclusão assim que terminar os trâmites regulatórios e a vacina chegar ao Brasil. Usaremos uma cepa diferente, a mesma usada nos outros países que desenvolvem esse mesmo estudo."

De acordo com a pesquisadora da Fiocruz, o estudo é internacional e acontece ao mesmo tempo na Inglaterra, na Espanha, na Holanda e na Austrália.

Problemas com a vacina de Oxford?

Além da BCG, Margareth falou também sobre a recente intercorrência observada no estudo da vacina desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford no Reino Unido.

"Nós que fazemos pesquisa clínica o tempo todo estamos acostumados com isso. Hoje o mundo obedece a critérios éticos muito rígidos. Existem comitês de segurança que são absolutamente independentes dos patrocinadores e de órgãos governamentais. Eles têm autoridade para suspender qualquer estudo. O que ocorreu com a vacina AstraZeneca modelo Oxford, que estamos produzindo pela Fiocruz, foi uma interrupção temporária para esclarecimento de um efeito adverso inesperado (...). O esclarecimento foi rápido. Tratou-se de um caso de mielite transversa, que pode estar relacionado à vacina, mas nesse caso não estava."

Em relação às notícias sobre um suposto novo caso de reação adversa em voluntário, noticiado agora pelo The New York Times, Margareth evitou comentar por ainda não ter recebido nenhuma confirmação oficial.

A pesquisadora ressaltou que, embora alguns governantes insistam nessa ideia, não há a previsão de nenhuma vacina para este ano. Por isso, a recomendação segue a mesma: use máscara, lave as mãos com frequência e evite aglomerações.

"Ainda não podemos falar em segunda onda em lugar nenhum do mundo. O que existem são marolas decorrentes da primeira onda. Quando se abriu tudo e as pessoas voltaram a circular, especialmente sem máscara, novos casos começaram a aparecer (...). Então não é possível que as pessoas já queiram fazer aglomeração, festa, casamento. Apelamos para o bom senso. É difícil para todo mundo, mas, se não colaborarmos, vai ficar ainda mais e causará um sofrimento enorme."