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Denise Garrett: "Independentemente da eficácia da CoronaVac, todos devem tomar"

Datena

Independentemente da eficácia anunciada pelas autoridades para a CoronaVac, vacina contra covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ela é segura e eficaz e deve ser tomada por todos. A afirmação é de Denise Garrett, médica epidemiologista e vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, organização sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento, a disponibilidade e o uso de vacinas globais.

Pouco depois da entrevista, o Butantan e o governo de São Paulo anunciaram que a eficácia geral da CoronaVac é de 50,38% nos testes feitos no Brasil.

"A gente tem que começar a vacinação o mais cedo possível. Quando mais tempo demorar, mais chances damos para o vírus se replicar e mutar. Temos uma nova variante mais contagiosa já. Independentemente da eficácia que anunciarem para a CoronaVac, e será muito menor que 78%, essa vacina vai proteger. Todo mundo tem que tomar. Todo mundo! É de uma plataforma que a gente conhece e é segura. As outras vacinas de RNA também, mas não há dúvidas quanto à segurança de imunizantes com vírus inativados. Além de ser mais fácil de distribuir, o que pode ter um impacto maior", disse.

"A única diferença entre uma vacina de 95% e uma de 50% ou 60% é que, para a vacina com eficácia menor, vamos precisar vacinar uma porcentagem muito maior da população para poder parar a transmissão. Com uma de 95%, se vacinarmos 50% da população, já podemos parar a transmissão. Com uma de 50% ou 60%, o número estimado para parar a transmissão é de quase 100%. Por isso é importante ressaltar que todos devem ser vacinados", completou.

Como exemplo, a médica epidemiologista fez a comparação entre um carro de luxo e um veículo popular.

"A vacina de 95% é uma Ferrari. Com ela, você chega rápido na linha de chegada. A de 50% é um carro popular. Ele também vai te levar onde você precisa, mas vai demorar mais. Além disso (e parece ser o caso da CoronaVac, assim como da vacina de Oxford, Pfizer e Moderna), ela previne casos graves. Se vou pegar a doença e não vou ser entubada e morrer, já está valendo."

"Quem defendeu imunidade de rebanho sem vacina deveria se retratar"

Denise Garrett citou ainda o caos vivido pela segunda onda da covid-19 em Manaus para criticar a parcela da população, da comunidade científica e de autoridades que defenderam a ideia de imunidade de rebanho sem vacinação.

"Quero aproveitar para dizer que todas as pessoas e cientistas que defenderam a imunidade de rebanho sem vacina deveriam ir a público e se retratar. A gente sabia que isso não existia. Agora vemos de novo essa situação horrorosa em lugares como Manaus."