A enfermeira Mônica Calazans, primeira brasileira vacinada contra covid-19 em solo nacional, contou nesta segunda-feira (18) em entrevista à Rádio Bandeirantes que não sentiu nenhum efeito colateral após receber a aplicação do imunizante e aproveitou para dar um recado à parcela da população que ainda diz ter receio da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
"Estou plena. Tranquila. Não criei asas. Não estou falando chinês. Não aconteceu absolutamente nada comigo. Meu braço está funcionando normalmente, nenhum edema, dor, nada. Para quem é contra tomar a vacina eu pergunto: algum dia na vida você tomou alguma vacina? Sarampo só cuidamos com vacina. Coqueluche, varíola, tétano também. Por quê então não tomar essa? Por quê o medo? Não entendo", disse.
"Me chamaram de cobaia, fizeram memes, piadinha em rede social. Não ligo. Se eu fosse ligar para a opinião das pessoas, não sairia de casa. Fui convidada, tomei, não aconteceu nada, estou tranquila e estou aguardando a próxima dose para me sentir imunizada. Enquanto não tomar, vou continuar com medidas de proteção, evitando aglomerações. Quando todo mundo tomar e ficar imunizado, vamos rir dessa situação, lembrado que as pessoas tiveram medo", completou.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou neste domingo (17) o uso emergencial de duas vacinas contra covid-19 no país: a CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e o imunizante produzido pela Universidade de Oxford com a farmacêutica sueca AstraZeneca e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Minutos depois do aval, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), deu início à aplicação no Hospital das Clínicas da capital. A primeira brasileira vacinada foi a enfermeira Monica Calazans, de 54 anos, que trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e faz parte do grupo de risco por ter obesidade, hipertensão e diabetes.
Enfermeira passou em concurso, mas tem contrato temporário
A primeira brasileira vacinada confirmou ainda uma denúncia do repórter Agostinho Teixeira no Manhã Bandeirantes. Assim como diversos outros enfermeiros e enfermeiras, ela passou em um concurso público de 2015, mas não foi chamada. Seu contrato atual é temporário e vence no próximo mês de maio.
"Fiz um concurso em 2015 que vence hoje. Com a pandemia, o governador abriu CTD, contrato por tempo determinado. Saí para escolher vaga, escolhi o Emilio Ribas. Foi minha escolha. Meu contrato é de 1 ano, não mais que isso. Está escrito no contrato, para suprir a necessidade de alguns hospitais com falta de funcionário. Então, entrei em 12 de maio de 2020 e saio em 12 de maio de 2021. Entrei sabendo disso. O concurso que fiz teve prorrogação para 2019, depois para 2021. Eu estou ciente de que, se não for chamada neste período, o concurso caduca. Não posso mudar isso. Está no edital. Ontem tive um problema, uma pessoa me ligou e me ofendeu falando que não sou parceira. Eu apenas fui me vacinar com o intuito de vacinar vidas. Não sou oportunista. Perguntaram porque não chamei o governador de canto ontem... Não era o momento. Para tudo tem um momento. Eu seria oportunista. Essa questão foi muito desgastante. Falaram que não brigo pela enfermagem, que acabei com sonhos... Em hipótese alguma. Estou no mesmo barco."
ENTREVISTA COMPLETA AQUI:
