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Prefeito de Manaus: "Se eu for preso, será por salvar vidas"

Datena

O prefeito de Manaus, David Almeida, disse nesta quinta-feira (28) à Rádio Bandeirantes que o pedido de afastamento e prisão feito pelo Ministério Público Estadual do Amazonas é "equivocado e desproporcional". Ele afirmou que entrará com representação no Conselho Nacional do Ministério Público e na corregedoria para que expliquem os motivos de uma denúncia "tão pesada a alguém que assumiu a prefeitura há 28 dias".

O MPE pediu a prisão do prefeito e da secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe, na segunda (25) em ação que denuncia irregularidades na aplicação da vacina contra covid-19. Segundo o órgão, houve fraude na fila de prioridades durante a campanha e contratação irregular de dez médicos.

No dia seguinte, terça (26), a Justiça Federal no Amazonas suspendeu a distribuição de doses do imunizante de Oxford/AstraZeneca na capital para "garantir a total transparência na programação e critérios para vacinação". 

"Fiquei muito surpreso e perplexo pela forma como foi feito o pedido. Estão pedindo minha prisão e afastamento do cargo porque contratei 10 médicos. Iniciei minha administração com uma pandemia e contratei médicos nos quadros comissionados para trabalhar no combate à covid-19. Contratei para salvar vidas. O MP vê nesse meu ato administrativo um crime", disse o prefeito de Manaus.

"Estou com mais de mil profissionais afastados da Secretaria de Saúde, médicos afastados. Eu tinha que contratar. Se fosse esperar um processo, iria demorar e as pessoas iriam morrer. Por ter agilidade e buscar soluções, o MP vê, em uma peça sem sentido, crimes e não vê o que realmente acontece (...). Se eu não contrato médicos e abro as UBS, iriam me acusar de omissão. Como fiz, sou acusado de peculato", completou.

Além de rebater a denúncia de contratação irregular, David Almeida criticou a acusação de fraude na fila de prioridades. Segundo ele, todos os integrantes da prefeitura citados no documento foram imunizados por trabalharem na linha de frente do combate ao coronavírus. Ele reconheceu, no entanto, que "3 ou 4 vacinas" podem ter sido aplicadas erroneamente.

"Criei uma comissão interna e dois assessores foram identificados e serão afastados. Mas a secretária citada pelo MP é médica e está à frente do combate à covid-19. O subsecretário é médico e está nas UTIs. A terceira secretária é funcionária do estado e trabalha em uma unidade de saúde (...). A justificativa do MP não tem razoabilidade nenhuma, não se justifica de forma alguma. Nessa denúncia, ele se equivocou, errou. Não tenho medo. Vou ser preso por defender a vida das pessoas? (...). Por 3 ou 4 vacinas hipoteticamente aplicadas fora da fila pedem essas prisões? Não entendo."

O prefeito de Manaus afirmou ainda que, além de esperar que a Justiça se manifeste contrária ao pedido, abrirá representação no Conselho Nacional do Ministério Público e na corregedoria.

"Isso é um entendimento do MP. Ele recomenda, quem decide é a Justiça. Acredito que a Justiça, com tudo que estamos esclarecendo, não deve acatar. Existe a possibilidade. Se eu for preso, será por salvar vidas. Antes houve desvios, superfaturamento de materiais, superfaturamento de hospital de campanha, falta de oxigênio. Punir um gestor por 3 ou 4 vacinas é desproporcional."

"Vou buscar reparação e retratação. Vou representar para que expliquem os motivos de uma representação tão pesada a alguém que assumiu a prefeitura há 28 dias. Fazem essa denúncia forte e pesada e não se manifestam sobre desvios e mortes? Vou buscar essas respostas. Não tenho nada a temer", concluiu, ressaltando que o órgão pode ter cometido crime de abuso de autoridade.

ENTREVISTA COMPLETA:

https://youtu.be/7gCfoxOXXO0